Amar a cousa amada é amar o ócio
de uma vacuidade em que a duração é gozo
de um silêncio que flui com um côncavo de ouro
Toda a lucidez é de um sonâmbulo sol
de vegetal macio como um falo verde
Presença e ausência uniram-se
na instantânea floração de uma lenta primavera
Abstracção viva indolência pura
de um espaço harmónico de vagaroso lume
Arde-se numa fresca e cálida brandura
e algo leve e majestoso de delgada espessura
pulsa como uma oferenda da mais íntima luz
e elevar-se nuamente em maciez materna
e não é mais que a transparente ardência do sopro do desejo
(António Ramos Rosa, “Génese”)
6 comments:
Simplesmente lindo... Apesar de já saber k é raro estar aqui, não resisto e venho sempre espreitar...
pois sei que há sempre algo de belo para ler...obrigada
Beijinhos***
Não conheço muito deste poeta, mas é muito belo. VOu tentar ler algo mais dele.
Uma boa escolha.
Bjs.
vero, obrigado pela ajuda dada à bluegift, para a instalação do videozinho.
De vez em quando, ponho aqui algo de um poeta lido e procuro uma imagem, se possível, a condizer.
reverse, iniciei-me na leitura de poesia, com um livro do ARR que me ofereceram.
"As palavras", talvez seja um dos melhores dele.
É sempre um prazer ler ARR. Mais uma excelente escolha, Peter.Bjo
Muito bonito.
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