Minha aldeia é todo o mundo.
Todo o mundo me pertence.
Aqui me encontro e confundo
com gente de todo o mundo
que a todo o mundo pertence.
Bate o sol na minha aldeia
com várias inclinações.
Ângulo novo, nova ideia;
outros graus, outras razões.
Que os homens da minha aldeia
são centenas de milhões.
Os homens da minha aldeia
divergem por natureza.
O mesmo sonho os separa,
a mesma fria certeza
os afasta e desampara,
rumorejante seara
onde se odeia em beleza.
Os homens da minha aldeia
formigam raivosamente
com os pés colados ao chão.
Nessa prisão permanente
cada qual é seu irmão.
Valências de fora e de dentro
ligam tudo ao mesmo centro
numa inquebrável cadeia.
Longas raízes que emergem,
todos os homens convergem
no centro da minha aldeia.
(António Gedeão)
Monday, January 03, 2005
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2 comments:
Um olhar global e solidário, este de António Gedeão. Que bom seria que esta realidade fosse reconhecida por todos:
"Longas raízes que emergem,
todos os homens convergem
no centro da minha aldeia."
Beijos
Mas não é "lique".Cada um está demasiado ocupado a olhar para o próprio umbigo.
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