Sunday, January 16, 2005

Quarto centenário da publicação do D. Quixote



"No calendário cultural espanhol, 2005 assinala o quarto centenário da edição de "O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de La Mancha" de Miguel de Cervantes, de que hoje se cumprem 400 anos. Uma contabilidade que não é verdadeira segundo alguns peritos. Mas os "cervantistas" têm um desafio maior: comemorar a obra à margem dos estereótipos que lhe colaram, sem lugares comuns."
Quem não o leu falsifica, quem o leu encara a obra de uma forma diferente", sintetiza ao PÚBLICO Francisco Rico, académico, filólogo, responsável de uma recente monumental edição da obra de Cervantes. "Quem o não leu pensa em Quixote na imagem fácil de uma personagem desinteressada, movida por altos ideais, o que nada tem a ver com o romance", prossegue, "Quem o leu, encontra uma obra de humor e sensatez", assinala Rico.
Se a mais importante fronteira, a que marca o conhecimento, é a leitura, as personagens de Miguel de Cervantes têm uma projecção ímpar. "Há uma imagem social e popular do Quixote, que também foi oficial e patriótica, que não corresponde à essência desta obra genial", admite Francisco Rico. "Esta imagem falsificada nasceu com os acontecimentos de 1898, com a perda das colónias espanholas, e, por exemplo, Miguel Unamuno divulgou um D. Quixote como símbolo do confronto da Espanha contra os Estados Unidos". Daí, a expressão "quixotesco", como sinónimo de uma atitude que desafia a lógica, capaz de levar a uma luta contra moinhos de vento. (...)"

(in PÚBLICO de 16 JAN 05)

1 comment:

Peter said...

Faz-se o que se pode e quando há tempo. A prioridade continua a ser o "conversas".