Revista Cais

Estávamos habituados aqui em Lisboa a ver homens e mulheres que, com uma presença discreta, ofereciam a “sua” revista. E nós acabávamos por a comprar.
Sabíamos tratar-se de uma iniciativa que visava auxiliar os mais desfavorecidos e também dignificá-los, pois do seu trabalho de venda auferiam uma percentagem, julgo 50%.
Recentemente proliferam crianças, julgo romenas, que nos abordam insistindo, agarrando-nos a roupa, pedindo mais dinheiro que o preço da revista e, se a compra desta é recusada, tentam vender pensos rápidos. Confesso que me sinto de mal comigo mesmo, talvez me sinta culpado, talvez seja xenofobismo, ou talvez o receio de estar perante uma mendicidade comercializada e dominada por alguma máfia de Leste.
O que eu sei é que deixei de a comprar e alguém ficou a perder, vítima inocente de um laxismo que se instalou entre nós.