Saturday, December 01, 2007

ofício da noite


à noite lavo a cara com lume
desenho o mistério de uma criança de música
com palavras de nuvens e peixes de sol na boca
a segredar poemas de inventar ternura.

persigo estrelas que se arrastam pelo lodo
enxugo as lágrimas da lua cercada pelo fogo.

que mais posso fazer
com estas ocultas teias da chuva
lágrimas que só ostento
com meus versos de ranger dentes ?

quero um punhal para abrir as casas
e mãos de seda com lâmpadas nos dedos
para aquecer os mendigos com espinhos
e labaredas nas ruas !

não me tragam cicatrizes de metal
nem a cinza dos cabelos dos homens
a fingir que somos todos aves
a rasgar o céu
com a beleza estrangulada em rosas!

estou farta de bocas a gelar lágrimas
em contentores de deuses
relógios de solidão
a apodrecer nas mãos!

- Publicação gentilmente autorizada por “maria azenha”
- Foto GOOGLE/

7 comments:

Paula Raposo said...

Um belo poema cheio de imagens fortíssimas!!

Unknown said...

leio um comentário seu no blog "conversas do Xaxa " por isso a minha visita ao blog.um belga de Antuérpia
http://blog.seniorennet.be/lisboa

Anonymous said...

Obrigada Peter, por sua gentileza.
A imagem é belíssima.

Um Abraço,

maria azenha

BlueShell said...

meu Anjo....grata pela tua visita. Tu também tens rosas cor-de-rosa...
LINDO!

Beijussssssssssssssss
BShell

Nilson Barcelli said...

Soberbo...!!!
É a única palavra que me ocorre para tão belo poema.
Quem escreve assim só pode ser um escritor muito bom.
Bom resto de semana, abraço.

belakbrilha said...

Lindooooooooo
belo e verdadeiro!
bjs

Lúcia Laborda said...

Nossa, Peter! Que poema, heim? Lindo forte, real... Poxa, hoje caiu feito uma luva em mim. Por que a vida é assim?
As vezes não entendo, tanto desencontro, tanta desilução? Por que os espinhos de tão formosa rosa, ferem, arrancam dos olhos, lágrimas de desilusão?
Parabéns pelo blog, viu? Adorei!
Beijos