Tuesday, May 05, 2009
O resto é silêncio (que resto?)
Volto, pois, a casa. Mas a casa,
a existência, não são coisas que li?
E o que encontrarei
se não o que deixo: palavras?
Eu, isto é, palavras falando,
e falando me perdendo
entre estando e sendo.
Alguma vez, quando
havia começo
e não inércia,
quando era cedo
e não parecia,
as minhas palavras puderam estar
onde sempre estiveram:
no apavorado lugar
onde sou silêncio.
(Manuel António Pina, in “Poesia Reunida”(1974-2001), Assírio & Alvim.)
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8 comments:
Devíamos por vezes ser silêncio, assim sem mais...
gosto muito deste Poeta-
Abraço,
maria azenha
Bela foto ;-)
Assim silenciaram as casas...
Tanto a escolha do poeta como do poema resume-se numa palavra : magnífico.
Um muita amizade e carinho, um bjo
Peter,
Belíssimo momento de poesia.
Deste poeta sim, gosto muito.
Um abraço
Quantas vezes somos mesmo só Silêncio!
Adorei a foto e poema.
Beijos
... muito belo este poema de Manuel António Pina!
Lei-o frequentemente em outras 'margens' da sua sensibilidade!
Mas esta, pouco lida! Fiquei curiosa... das sonoridades intimistas!
Olá, meu caro!
Andei por aqui a ler e a ouvir o que de tão bom nos traz.
Quanto à nova física...
bom...
estou a ler de novo o texto...
Um dia lhe digo o que penso.
Um forte abraço.
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