“Queria tanto saber porque sou Eu!
Quem me enjeitou neste caminho escuro?
Queria tanto saber porque seguro
Nas minhas mãos o bem que não é meu!
Quem me dirá se, lá no alto, o Céu
Também é para o mau, para o perjuro?
Para onde vai a alma, que morreu?
Queria encontrar Deus! Tanto o procuro!
Quem me enjeitou neste caminho escuro?
Queria tanto saber porque seguro
Nas minhas mãos o bem que não é meu!
Quem me dirá se, lá no alto, o Céu
Também é para o mau, para o perjuro?
Para onde vai a alma, que morreu?
Queria encontrar Deus! Tanto o procuro!
A estrada de Damasco, o meu caminho,
O meu bordão de estrelas de ceguinho,
Água da fonte de que estou sedenta!
Quem sabe se este anseio de Eternidade,
A tropeçar na sombra, é a Verdade,
É já a mão de Deus que me acalenta?”
(Sonetos – Florbela Espanca – introdução por M. da Graça Orge Martins – Biblioteca Ulisseia de autores portugueses)
Foto tirada no jardim de Évora.
Queria tanto saber porque sou eu…
3 comments:
Peter,
Eu tento, podes crer.
Mas até agora não consegui.
Admito que Apeles talvez possa ser a razão desta sem-razão...
Um abraço
A minha poetisa predilecta. "Queria tanto saber porque sou Eu!"...
Um no meio de muitos sonetos cheios de alma e coração!
Um abraço
HOJE E AMANHÃ
É... somos sempre uma incógnita, até para nós próprios.
Quando pensamos que nos conhecemos vem algo que muda todo o processo.
Acho que isso é mesmo a Lei da Natureza...
Florbela Espanca uma Poetisa que dilacerou a alma com as suas dúvidas mas que nos deixou um grande legado poético que eu aprecio de tal forma que praticamente tenho toda a sua obra.
Uma óptima escolha, aliás, com a sensibilidade a que nos habituaste já.
Um grande abraço e tudo de BOM ;)
Otília
Post a Comment