Wednesday, March 02, 2005
Campos do Alentejo
Áreas que só na alma
encontram suas árias
Mas não virão guitarras
à noite acompanhá-las
Nem o voo das harpas
Nem da neve os fantasmas
Um coro de chaparros
em brados abafados
é sempre o que lhes cabe
é sempre o que lhes basta
Ó crua luz da tarde
logo que a manhã nasce
Por mais que a noite caia
na cal tudo ressalta
E a sombra de um arado
como um A muito amargo
ao qual se limitasse
todo o abecedário
De guerras tantas grades
de fomes tantas pragas
nas lavras destas áreas
os tempos semearam
Abre-me ó terra os braços
como só tu os abres
Até mais graves sabem
tornar-se aqui as aves
(David Mourão-Ferreira)
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5 comments:
Oh...se aterra me abrisse seus braços...como só ela sabe fazer...
Jinho, BShell
rendo-me a este poema! (como alentejana que sou) que Saudades das férias passadas no meu Alentejo à beira do mar!
beijinho, Peter
"a terra" ?
Olá patrícia! Alentejo e beira mar não jogam. Prefiro o Alentejo profundo.
pois eu acho uma bela conjugação... mar/terra/chaparros :)
o que é o Alentejo profundo? o interior a norte ou a sul?
beijinho
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