Thursday, June 30, 2005

incêndio

se conseguires entrar em casa e
alguém estiver em fogo na tua cama
e a sombra duma cidade surgir na cera do soalho
e do tecto cair uma chuva brilhante
contínua e miudinha - não te assustes

são os teus antepassados que por um momento
se levantaram da inércia dos séculos e vêm
visitar-te

diz-lhe que vives junto ao mar onde
zarpam navios carregados com medos
do fim do mundo - diz-lhes que se consumiu
a morada de uma vida inteira e pede-lhes
para murmurarem uma última canção para os olhos
e adormece sem lágrimas - com eles no chão

( Al Berto )

6 comments:

Ana João said...

trata-se da esperança de que o passado poderia ter sido diferente?

Peter said...

Penso que sim, és capaz de ter razão. Por vezes é-me difícil penetrar no pensamento do poeta.///Obrigado pela visita. Dedico mais atenção ao http://conversasdexaxa4.blogspot.com que é um blog colectivo.

Anonymous said...

vim matar saudades, deixar-te um beijo e dizer até breve...*

Maria Azenha said...

belíssimo poema.bela escolha.
votos de bom fim de semana.

O blog continua a manter qualidae.


abraço,

mariah

Peter said...

"meialua", obrigado pela visita. O teu blog está nos links. Por vezes tenho problemas em sair dele. Deve ser do meu PC. Por isso não te visito mais vezes. Bom fds. *

Peter said...

"maat", obrigado pelas palavras de incentivo. Este blog é uma espécie de refúgio, já que aquele a que dedico mais atenção é o "Conversas de xaxa 4". Coloquei o teu blog nos links. Bom fds.