Por um rosto chego ao teu rosto,
noutro corpo sei o teu corpo.
Num autocarro, num café me pergunto
porque não falam o que vai
no seu silêncio aqueles cujo olhar
me fala da solidão.
Esqueço-me de mim. Tão quieto
pensando na sua pouca coragem, a minha
sempre adiada. Por um rosto
chegaria o teu rosto, mesmo de um convite
e desenha no ar o hábito
por que andou antes de saíres
do espaço à sua volta. Estás longe,
só assim podes pedir algumas horas
aos meus dias. Sem fixar a voz
a tua voz é uma corda, a minha
um fio a partir-se.
(Helder Moura Pereira)
4 comments:
Há textos que "marcam"...
este é um desses...
…estou a fazer um intervalo, hehheh
Jinho, BShell
O Rosto é o que queiramos ver no corpo de quem gostamos.
Serei eu do poeta a madrugada
no meu rosto o seu rosto de papel
esquecida na coragem sempre adiada
em silenciosas lonjuras quebradas
por um simples fio de cordel? Obrigada pela partilha, Peter, não conhecia o poeta e resolvi brincar com o poema (não leves a mal). Desculpa a ausência. Bjo
"amita", tenho estranhado a tua ausência. Bom fds *
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