Friday, February 23, 2007

Volúpia


No divino impudor da mocidade,
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frémito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!

A sombra entre a mentira e a verdade ...
A nuvem que arrastou o vento norte ...
- Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volúpia e de maldade!

Trago dálias vermelhas no regaço ...
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!

E do meu corpo os leves arabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças ...

(Florbela Espanca)

5 comments:

Dara Samora said...

É sempre bom ler Florbela Espanca...

Boa continuação e Bom f-d-semana!

Um beijo,
Dara Martins

Maria Carvalho said...
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Papoila said...

Que maravilha de fotografia para este belo soneto de Florbela Espanca portisa que adoro.
Beijo

Anonymous said...

Que bom que retornei ao seu cantinho.

Na nossa caminhada de Vida, muitas vezes temos que nos apartar do mundo e ficarmos a sós connosco. Para reflectirmos e adquirirmos forças para seguir, porque tudo é um caminho sem volta.
Estou aqui e estarei sempre.

Não esqueci que, pelas tuas palavras, eu percebi que o mundo continuava ali, e que era hora de voltar a vivenciá-lo. Elas, na época, foram a força que precisei para inciar esta nova caminhada que, hoje, me é tão prazeirosa.

Beijitos.

Bom fim de semana.

BlueShell said...

Hoje deioxaste-me toda "derretida"...LOLOLOL....

Beijos

(acho que devem ser carências afectivas...)