Saturday, October 13, 2007

Bastava-nos amar. E não bastava



Bastava-nos amar. E não bastava
o mar. E o corpo? O corpo que se enleia?
O vento como um barco: a navegar.
Pelo mar. Por um rio ou uma veia.

Bastava-nos ficar. E não bastava
o mar a querer doer em cada ideia.
Já não bastava olhar. Urgente: amar.
E ficar. E fazermos uma teia.

Respirar. Respirar. Até que o mar
pudesse ser amor em maré cheia.
E bastava. Bastava respirar

a tua pele molhada de sereia.
Bastava, sim, encher o peito de ar.
Fazer amor contigo sobre a areia.

(Joaquim Pessoa)

- Nascido no Barreiro em 22 de Fevereiro de 1948, iniciou a sua carreira no Suplemento Literário «Juvenil» do Diário de Lisboa. O seu primeiro livro veio a público em Março de 1975. Recebeu o Prémio de Poesia de 1981 da SEC/APE. David-Mourão Ferreira, escreveu na altura que «o largo sopro de muitos dos seus poemas faz de Joaquim Pessoa um dos poetas progressistas de hoje mais naturalmente capazes de comunicar com um vasto público.»

14 comments:

Ashera said...

Não conheço este Poeta, mas gostei muito, se quisers Coloca na casa dos Poetas Desconhecidos,, também é tua,, ou então posso levá-lo, como queiras :-))
Bom fim de semana meu amigo Peter e obrigada
Beijos
http://asher8.multiply.com

Paula Raposo said...

Gosto de Joaquim Pessoa. Obrigada pela partilha de um soberbo poema.

SILÊNCIO CULPADO said...

Voltarei mais tarde para comentar.Hoje só quero convidar-te a juntares-te a nós no NOTAS SOLTAS IDEIAS TONTAS (http://notassoltasideiastontas.blogspot.com) no grito contra a pobreza, hoje dia 17/10/07 em que, internacionalmente, se exige a sua erradicação.

Nilson Barcelli said...

Gosto dos poemas do Joaquim Pessoa.
Este soneto é uma obra prima poética.
Abraço.

vieira calado said...

Pois amigo, não é 3,7, mas 13,7!
Ainda bem que detectou o erro. Agradecido. Já corrigi.
Aproveito para dizer que tenho o computador avariado. Estou num bar.
Não vou conseguir responder a comentários, como o estou a fazer, enquanto não tiver resolvido problema.
Um abração.

SILÊNCIO CULPADO said...

Quero informar que Alda Inácio do blogue Crítica & Denúncia, do Brasil, nos propôs,em resultado da "concentração" de ontem no Notas Soltas, criar um blogue universal com um banner para os nossos blogues. Estou em contacto com ela para ver como nos articulamos. Conto contigo para este passo que penso ser de alguma importância e que poderá ser o início de outros que podemos dar. Todas as colaborações são poucas e indispensáveis por isso, se puderes, colabora com as tuas sugestões e ofertas de disponibilidade. É preferível fazermos pouco a nada e, pior ainda, ficarmos parados.Recebem-se sugestões em Silêncio Culpado.
Um abraço

Isabel said...

Um poema lindo complementado com uma imagem muito sensual que lhe dá a cor necessária.
Foi a primeira vez que por aqui passei e gostei muito.

Bjt

Papoila said...

Querido Peter:
Um poema muito belo. O Juvenil do Diário de Lisboa!
Tenho guardados alguns numeros.
O Juvenil e as críticas literárias do Mario Castrim!
Beijos

Kalinka said...

PETER

BELO POEMA ESCOLHESTE.

Obrigado pela partilha.

Tão intensamente escrito!

Bom domingo.

Beijitos.

LUIS MILHANO (Lumife) said...

Joaquim Pessoa poeta de amor e de lutas várias.

Gosto muito.


Abraço

david santos said...

O caso Cláudia, não está perdido. Mandem Mails a esta gente e não só:

geral@embaixadadobrasil.pt

Temos que estar solidários com a menina Cláudia.

Pede a outros blogues que façam o mesmo.

BlueShell said...

Lindíssimo e tão completo....

por vezes o Amor parece bastar...mas há dias em que tudo é tão árido....


Hoje não dou beijos pois isto da gripe é contagioso...
BShell

Santa said...

Peter´s


Estou em trânsito, rumo a Barcelona. Obrigada pelo carinho.

Bjs

BlueShell said...

uma pessoa
...curiosamente...quando morre....morre sozinho....

Já tinha ouvido dizer.....
Afinal é verdade.....

Um abraço a todos quantos aos longo de tantos anos me acompanharam nos altos e baixos desta vida!

O meu
Muito Obrigada.

BlueShell...a tal concha...que perdeu algures a sua pérola
.... no coração das serranias.