Sunday, August 17, 2008

Solidão


Estou só Senhor
Estou sempre só de tudo o que me rodeia.
Só no meio da multidão
Mas sobretudo estou só do Mar
Que me dá vida e do
Sol que me dá calor
Só! só da família que me criou
Só! só do cheiro dos pinheiros e
Dos eucaliptos
Da maresia e
Da terra lavrada
Estou só Senhor
Mas sobretudo estou sempre só
Quando algo me faz o
Coração chorar e a
Alma se escurece
Só! quando de pés e mãos atado
Não consigo dar um passo
Só! só nas grandes e pequenas caminhadas
Nas grandes e pequenas decisões
E até só! nas grandes e pequenas encruzilhadas
Onde a vida e a morte se espreitam
E onde tudo o que sou
Está frente a frente
Com aquilo que eu não sou.
Onde o que eu posso ser
O que eu sou realmente
O que eu julgo ser
O que eu sou visto ser
Se encontram num só ser
Dando-me este sentir
De imensa solidão
Que até julgo sentir que
De ti Senhor também

ESTOU SÓ



(Afonso Almondino da Silva - Toronto 12 Maio 1986)

2 comments:

Paula Raposo said...

Este poema lindíssimo consegue transmitir o meu estado de espírito...beijos.

Amita said...

Uma bela e completa descrição da solidão que dói ao ler o poema.
Excelente escolha também da imagem.
Um bjinho grande e que a dita solidão não se espalhe