Saturday, May 30, 2009
A POSSE
“Que súbita suspeita – dália enorme -
passara como a sombra nos teus cílios,
se a manhã chega enquanto de nós foge
o tempo que já tinhas destruído.
Um rosto sobre o peito o que escutava?
A canção, um contorno de mamilos
breve, se erguida a curva nas espáduas
era o desejo, e calma, largos rios.
Cabelos desgrenhados, fugitivos,
e vento não havia, ou quase chama
nos rins, na pele, um cancro que consome
este pecado casto, e já os lábios
se fecham, quando rápida ou mais funda
em nós cresceu a ferida dos sentidos."
(Fernando Guimarães, in “eros de passagem”, poesia erótica contemporânea, selecção e prefácio de Eugénio de Andrade, desenhos de José Rodrigues, Dezembro 1982, editora LIMIAR)
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4 comments:
Belíssima escolha, Peter! Muitos beijos.
Meu caro:
Só agora, creio, me dei conta de que tinha postado um poema meu, já há umas semanas atrás.
O meu agradecimento (tardio).
Peço desculpa.
O seu blog não saiu na lista que fiz há uns dias.
Irá na próxima.
Um forte abraço
Vieira Calado
Eu contactei previamente consigo, já não me lembro como, dizendo-lhe que adquirira um livro de poemas seus em Lagos e se permitia que eu publicasse um aqui nesta "espécie de blogue", tendo-me respondido afirmativamente.
O seu blogue sobre astronomia há muito que consta do meu blogue principal.
Que dizer-te das escolhas que fazes e que incrementam uma leitura bendita, que dizer-te se se sente e sabes as nuances que a fortuna nos dita...
Um carinhoso bjinho com a inesquecível amizade dos tempos
Amita
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