Saturday, April 30, 2005

Herberto Helder




Uma presença frequente na Revista “Artes/Letras” e um livro sobre o poeta (de que me esqueci o autor e título) recentemente (?) editado pela Gulbenkian, levou-me a fazer uma pesquisa pela FNAC. Não é qualquer um que vê a sua obra publicada, estudada e merecedora de um estudo crítico, publicado pela Fundação.

Transcrevo uma breve apresentação do poeta, feito por Bárbara Sofia Tavares da Silva:
"Herberto Helder, inserido no contexto da sua geração, é um poeta que se integra no amplo contexto da cultura poética universal. O seu universo poético autonomiza-se e apresenta características muito próprias.
Herberto Helder é considerado uma das figuras mais importantes da poesia experimental ou concreta, bem como um dos seus principais cultores. É classificado como poeta visionário e órfico e detém um lugar cativo na poesia surrealista portuguesa. Pode, deste modo, constatar-se que a obra de Herberto Helder é complexa e, sem dúvida, uma das mais altas expressões da poesia portuguesa contemporânea.
Considerado por muitos como um poeta fascinante, com um enorme poder encantatório, Herberto Helder tem, no entanto, uma posição paradoxal na Literatura portuguesa, apresentando-se como um poeta obscuro, insuficientemente estudado pela crítica e ausente de manifestações culturais de natureza oficial."

5 comments:

Anonymous said...

Herberto Helder é um dos maiores poetas europeus contemporâneos e a força motriz da sua obra reside na inquietude da vigilância, na vontade de revisitação e de questionamento incessante do seu acto poético. A sua poesia caracteriza-se por ser viva e irrequieta, transbordando os limites daquilo que enuncia, extravasando-se para além do seu contexto histórico-social e inaugurando novas zonas de exploração que lhe concedem a designação de «poética de vanguarda».

Na poesia de Herberto Helder podemos distinguir três fases: a primeira é a da «ironia mansa», onde se pode observar um desajuste entre expressão e problema.A segunda é a correspondente à sua obra Electronicolírica, sendo que nesta fase se observa a combinação de um número limitado de expressões e palavras mestras, criando uma linguagem encantatória, ou seja, uma espécie de fórmula virtual mágica. Na segunda fase podemos encontrar uma forte identificação com William Blake e Nietzsche; por fim, surge a terceira fase, a dos «projectos da sensível inteligência do que nos vai acontecer», onde o poeta descobre os vários graus de liberdade da sua poética, sendo esta uma fase ligada ao signo da crença.


A poesia herbertiana aproxima-se, assim, das primitivas literaturas cosmogónicas e das modernas teorias cosmológicas, captando o mundo onde ele se recolhe e se subtrai, trabalhando contra o significado numa escrita cujo dom é a transmutação e desempenhando a tarefa inquieta de «pôr a vida na sua oculta loucura». Herberto Helder é o decifrador irreverente da matéria enigmática, o corruptor do real e da linguagem codificada, portanto, a sua poética apresenta uma grande sede do encoberto, passando do ilegível para o equívoco, para o erro, para o misticismo, no momento em que se alia ao esquecimento e faz a purificação alquímica da palavra, obtendo o vazio e o silêncio. Podemos concluir constatando que o trajecto da poética de Herberto Helder vai do mítico ao utópico, ao poema como partitura pura, desentranhando o «conhecimento informulado» que faz emergir a sua cosmogonia poética.

Pessoalmente gosto bastante da sua poesia. É de certa forma sempre uma redescoberta.
Um abraço, Peter.

Peter said...

Obrigado "zezinho", enriqueceste bastante o meu conhecimento sobre a obra em si e o seu autor.___ O post que apagaste e que voltei a ler no teu blog, impossibilitou a inclusão do meu comentário sobre o mesmo. ___ Aqui pelo Peter's as coisas são mais calmas, de vez em quando surge um comentário, ou temos a sorte do Manoel Carlos aparecer. Bom Domingo.

Márcia Maia said...

Herberto Hélder me encanta a cada vez que o leio/releio. Há sempre algo a ser descoberto, revisto, reencontrado. Me fascina inteiramente.
Concordo em cada letra com Zezinho, também meu amigo querido.

Um beijo grande,

Márcia, de volta.

PS- amanhã prometo postar, certo?

Peter said...

Manoel Carlos, vc tem um bom livro da Gulbenkian sobre Herberto Helder: "A poesia de Herberto Helder - do contexto ao texto: uma palavra sagrada na noite do mundo", por João Amadeu Oliveira Carvalho da Silva. ___ Abraço.

Peter said...

Márcia, estou esperando sentado ...