Sunday, January 01, 2006
Entre los tíbios muslos te palpita ...
Entre as tépidas coxas te palpita
um negro coração febril, fendido,
de remoto e sonâmbulo latido
que entre escuras raízes se suscita:
um coração felpudo que me incita
mais que outro cordial e estremecido
a entrar como na casa em que resido
até tocar o grito que te habita.
E quando jazes toda nua, quando
ávida as pernas abres palpitando,
e até ao fundo, em frente a mim, te fendes,
um coração podes abrir, e se entro
com a língua nas entranhas que me estendes,
posso beijar teu coração por dentro.
(Tomás Segovia, in "Vozes da poesia europeia",
vol III, Fundaçao Calouste Gulbenkian,
Traduções de David Mourão-Ferreira)
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
4 comments:
Lindo Peter!
Beijos.
Dois belíssimos poemas que encontrei por aqui.
De Lope de Vega, também traduzido por DMF, deixo um soneto:
A mulher é do homem bem ameno
e é loucura chamar-lhe o pior mal:
pode ser sua vida e seu regalo,
pode ser sua morte e seu veneno.
É céu, aos olhos, cândido e sereno,
que muitas vezes ao inferno igualo:
por excelso ao mundo seu valor sinalo,
por falso ao homem seu rigor condeno.
Ela nos dá o sangue, ela nos cria;
mas não existe coisa mais ingrata:
é um anjo, e por vezes uma harpia.
Quer, aborrece, trata bem, maltrata.
E é a mulher, por fim, como sangria,
que às vezes dá saúde e às vezes mata.
Um bjo e bfs
Olá Peter, passei para deixar um beijinho***
gentil a sua visita, obrigada.
para quando outro livro?
está entregue, aguardo a saída.
Belo, suas escolhas são muito boas, pensadas, e com uma estética preciosa.
***
maat
Post a Comment