Não lavei os seios
pois tinham o calor
da tua mão.
Não lavei as mãos
pois tinham os sons
do teu corpo.
Não lavei o corpo
pois tinha os rastros
dos teus gestos;
tinha também, o meu corpo,
a sagrada profanação
do teu olhar
que não lavei.
Nem aqueles lençóis,
não os lavei,
nem os espelhos,
que continuam
onde sempre estiveram:
porque eles nos viram
cúmplices, e a paixão,
no paraíso,
parece que era.
Lavei, sim,
lavei e perfumei
a alma, em jasmim,
que é tua, só tua,
para te esperar
como se nunca tivesses ido
a nenhum lugar:
donde apaguei
todas as ausências
que apaguei
ao teu olhar.
(Soares Feitosa)
Nota: Este poema, no modo mulher, é uma variante (e homenagem) ao poema "Lembranças" de Angela Schaun
7 comments:
Lindo poema , Peter. Já andei à procura de Angela Schaun e do poema "Lembranças" mas ainda não encontrei (só por curiosidade). Bjo
Como sempre...uma escolha magnífica...
Um beijo do fundo do coração.
Muito obrigada por estares desse lado. BShell
Amita e o quadro do Ticiano é uma maravilha. Esqueci-me de mencionar o autor e o título: "Mulher ao espelho".
"Muito obrigada por estares desse lado" - ?
Bem... ando outra vez com problemas em deixar comentário!
Ontem deixei aqui um e, naõ entrou...bem... o que eu tinha dito ontem... já não tem o impacto hoje...
Um belo Poema de Soares Feitosa, um dos que eu mais gosto!
E a imagem é soberba!
Gostei.
Abraço :-)
Obrigado Manoel Carlos. Já tenho saudades de te ler mas, como já te disse, não consigo aceder ao teu blog.
Menina_marota, lamento, mas é a primeira queixa nesse sentido que recebi ao longo dos 8 (julgo) meses que leva o blog.
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